Durante a execução do Projeto cultural, de minha autoria: “Kalunga – O Livro – Comunidade Quilombola: Um Patrimônio Histórico e Cultural Brasileiro”, realizado no Sítio de Valor Histórico e Patrimônio Cultural Kalunga, na Escola Estadual Kalunga da Vila do Engenho II, foram desenvolvidas várias atividades, uma delas, merece destaque especial:
A Voz e A Vez do Jovem Kalunga!
Nesse momento os alunos tiveram a oportunidade de expressarem seus anseios e necessidades à autoridade máxima de nosso País: Excelentíssima Presidente Dilma Rousseff. Cartas cheias de sentimentos, emoções, franqueza e esperança de jovens que esperam do nosso governo uma atitude pró-ativa e determinante na solução de vários problemas da comunidade kalunga que se arrastam nos tramites governamentais.
Agradeço ao Assessor Especial da Presidência da República, Sr. Sérgio Alli, que gentilmente me recebeu em seu Gabinete, ocasião em que lhe entreguei as cartas dos alunos quilombolas destinadas a Presidente Dilma Rousseff. Espero que as referidas cartas já tenham encontrado o seu destino e que consigam sensibilizar nossa Presidente no sentido de agilizar o acesso a melhores condições de vida, saúde, educação, e saneamento para a comunidade Kalunga.
Vejam abaixo algumas destas cartas:
A comunidade Kalunga, localizada no norte do estado de Goiás, viveu em uma situação de isolamento, longe do convívio com a sociedade, até meados de 1980. Depois disto, muita coisa mudou. Porém a comunidade Kalunga ainda necessita de inúmeras benfeitorias. Vejam o que diz Maria Elza, de 14 anos: Ela solicita melhoria dos meios de transportes, melhoria das estradas, torre de celular, internet, além de livros, mesas e cadeiras para a escola:
Os jovens da Comunidade Kalunga só tem acesso ao estudo até o ensino médio. Depois disto, necessitam deixar a comunidade. Aline, de 15 anos, reclama das dificuldades de comunicação e solicita uma torre de celular, além de faculdade na Comunidade, para os alunos que estão terminando o Ensino Médio:
Samara Francisco, pede curso de capacitação para professores, merendeiros e enfermeiros, que atendem a Comunidade kalunga:
Eva Lúcia, solicita melhoria no posto médico e na escola. Quer ver também solucionada a situação fundiária das terras da comunidade Kalunga, além de apoio para estruturação do Grupo de Teatro e Arte Kalunga Matec (Meio Ambiente, Tradição, Educação e Cultura):
Alex, solicita geração de empregos para que o jovem Kalunga possa permanecer em sua comunidade; Aproveita a oportunidade e faz um desabafo, um grito de socorro, no que se refere à regularização das terras da comunidade Kalunga. “Não posso esquecer a qeustão de nossas terras. Porque você não assina logo o tal papel que você já devia ter assinado, hem?!”, palavras do Alex.
José Antônio reclama do lixo e pede ajuda para a criação de uma indústria reciclável na Comunidade Kalunga. Reclama a falta de seu direito constitucional que é o acesso à saúde. Solicita que seja construído um ginásio de esportes na escola, com um campo de futebol, além de estradas e postes com lâmpadas em pleno funcionamento:
Rayane dos Santos solicita melhoria nas estradas, nos transportes, construção de um ginásio de esportes na escola, além de apoio para uma melhor estrutura do grupo de Teatro e Arte kalunga: MATEC (Meio Ambiente, Tradição, Educação e Cultura”:
Ivaneide dos Santos lima, solicita melhoria no posto de saúde, com a colocação de um médico permanente, pois nos dias atuais, o médico fica na comunidade apenas um dia por semana. Esta jovem perdeu sua mãe por falta de atendimento médico:
Excelentíssima Presidente Dilma Rousseff, os alunos da comunidade Kalunga do Engenho II, aguardam, cheios de esperanças, uma resposta de Vossa Excelência. Nestes jovens está a garantia da perpetuação da cultura quilombola no Brasil! Jovens que representam a luta de seus antepassados na busca de respeito, liberdade e dignidade humana. E como já dizia Gandhi: “Uma civilização é julgada pelo tratamento que dispensa às minorias.”
Custódia Wolney.
02 de maio de 2012